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Letras da Bahia

em 1996

 

O ano de 1996 foi um dos mais produtivos para a literatura e o livro na Bahia. Se tivemos um importante movimento editorial nos anos em que o Reitor Edgard Santos, de um lado, e o editor Pinto de Aguiar, da Progresso, do outro, criaram um polo livreiro no Estado, 1996 foi um bom ensaio de retomada, no qual instituições públicas e privadas, além de iniciativas isoladas, promoveram a edição de quase duzentos livros.

O noticiário dos jornais chegou a registrar uma média de três lançamentos por semana o que, mesmo sem dados estatísticos completos dos títulos editados no ano, permite uma estimativa de quanto a Bahia publicou.

A Fundação Casa de Jorge Amado, através da coleção Prêmios Copene, editou e organizou lançamentos de doze títulos de poesia, propiciando não apenas livros graficamente muito bem cuidados, como todo um trabalho de divulgação e preparação dos lançamentos (um por mês). Tais festas, reunindo o melhor da inteligência baiana, ocorriam geralmente no Museu Costa Pinto. A Copene, então sobre a direção de Fernando Paes de Andrade, que patrocinou a impressão dos livros, recepcionou os convidados com coquetéis e noites de autógrafos que se tornaram um marco na agenda cultural da cidade. Embora o investimento tenha sido relativamente pequeno para uma empresa de tal porte, a sua importância para a vida cultural baiana foi muito grande. A Copene não se limitou a imprimir os livros, mas a preparar doze lançamentos que se converteram em encontros festivos do mundo intelectual baiano.

Foi precisamente a realização de lançamentos e a divulgação que faltou na coleção Letras da Bahia, importante iniciativa do governo estadual. A Secretaria de Cultura e Turismo concebeu e a Fundação Cultural executou a tiragem de diversos livros. Muitos deles nem foram lançados. O exemplo e a organização da iniciativa conjunta da Fundação Casa de Jorge Amado \ Copene podem ser seguidos pela iniciativa pública. O secretário Paulo Gaudenzi acertou em cheio quando constituiu uma comissão editorial qualificada para a Coleção Letras da Bahia. Faltou, no entanto, ouvir mais a Comissão, quanto à condução dos trabalhos, inclusive dos lançamentos. É desejável que no ano que se inicia o próprio secretário discuta com a comissão as diretrizes a serem seguidas, aproveitando a experiência dos seus integrantes.

Como o Conselho Estadual de Cultura, por iniciativa do presidente Waldir Freitas de Oliveira, também está iniciando uma coleção. A existência de duas ou mais frentes de trabalho é altamente positiva, permitindo a soma de esforços e a troca de experiências. A cultura baiana só tem a ganhar quando as iniciativas vão se somando umas às outras.

A Edufba, Editora da Universidade Federal da Bahia, foi outra frente de trabalho voltada para o livro, aberta pela iniciativa pública. Apesar da forte crise vivida pela Universidade, as autoridades da UFBA tiveram a sensibilidade de assegurar a criação da sua Editora. O sociólogo Gustavo Falcón, diretor da Edufba, vem desempenhando um papel da maior importância, tendo assegurado a publicação de um significativo número de livros.

Para aprimorar o trabalho, falta uma política de divulgação e distribuição, complementando a política editorial propriamente dita. Mesmo as duas ou três pessoas que escrevem sobre livros nos jornais de Salvador não recebem informações e publicações da Edufba. As poucas redes de livrarias da cidade também não recebem os novos títulos. Divulgar e comercializar mais seus livros asseguraria um melhor retorno do investimento. Já existem em Salvador empresas algumas distribuidores de livros capacitadas a realizar a tarefa. Por que a Edufba não confia a uma delas o trabalho que não pode ser feita pelos seus funcionários? Abre-se uma concorrência pública e escolhe-se quem apresentar melhor proposta, incluindo a comercialização e a divulgação do livro. Em dois ou três meses os lançamentos da Edufba estarão nas prateleiras e nos noticiários.

Além da Fundação Casa de Jorge Amado, do Governo do Estado e da Edufba, a iniciativa privada teve uma participação significativa na produção do livro. O maior destaque foi a BDA, editora comandada por Ubirajá Campos, que publicou quase cinquenta títulos novos, em pequenas edições.

E, para fechar o ano, a Bureau, tradicional empresa gráfica, anunciou o início das suas atividades editoriais. Por tudo isto, 1997 é um ano de grandes expectativas. Manter e aperfeiçoar o que vem sendo feito e abrir novos caminhos é a tarefa de todos nós.

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Letras da Bahia em 1996. Artigo retrospectivo sobre o livro baiano. Coluna “Leitura Crítica” do jornal A Tarde, Salvador, 6 jan. 97, p. 7.







































 
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